Eu nasci numa fazenda
Não sou caboclo grã-fino
Já fui carreiro de fama
Desde o tempo de menino
Mas deixei de carrear
Me tornei um assassino
Foi um boi de estimação
Que mudou o meu destino
Foi na subida da serra
Pertinho da encruziada
Onde tem um pé de lírio
E uma cruz enfincada
Lá deixei o meu ferrão
Com as canga e a boiada
A cruz representa o carro
Que eu não quis deixar na estrada
Debaixo daquela cruz
Enterrei meu boi Gigante
Pedi tanta judiação
Eu matei naquele instante
Depois dessa hora ingrata
Tenho sofrido bastante
No lombo da mula baia
Me tornei um homem errante
Só visto roupa amarela
Da cor da minha boiada
O ferrão é a saudade
Que dá sempre ferroada
A canga é meu remorso
Daquela hora marvada
O carro é meu destino
Que eu puxo pelas estrada
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