Letra de 'Payada do Negro Lúcio' de Jayme Caetano Braun

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Vou tenteando na cambona
Já bem abaixo do meio
Lá pras bandas do rodeio
Ouço um berro de mamona
Aqui guitarra e cordeona
Chimarrão, fogo de angico
O Sol já com braça e pico
Neste final de janeiro
Que vai indo mais ligeiro
Do que soldo de milico

Mateando, meio solito
Porque o patrão e a peonada
Já saíram pra invernada
Há muito tempo, cedito
O sábado está bonito
E a indiada aqui da fazenda
De tarde, se vai a venda
E aos bolichos do caminho
Ou então beber carinho
Nos braços de alguma prenda

Mas enquanto eu chimarreio
Neste morrer de janeiro
Meu pensamento chasqueiro
Se aviva mascando o freio
E sai a pedir rodeio
Nas lembranças, retoçando
Eu me paro, recordando
As falas do negro lúcio
Muito maior que confúcio
Pra filosofar trançando

E ele sempre me dizia
Enquanto tirava um tento
Naquele linguajar lento
Cheio de sabedoria
A noite é a ilhapa do dia
Na argola da escuridão
É quem garante o tirão
Em todas as lidas sérias
Neste varal de misérias
Que é a existência do cristão

Deus não fez rico nem pobre
Peão, patrão ou capataz
Isso é o destino quem faz
E como é não se descobre
O nobre que nasce nobre
Nem sempre assim continua
Pra beleza da xirua
Ou cavalo de carreira
Não adianta benzedeira
Nem reza ou quarto de Lua

Enquanto filosofava
Naquele estilo sereno
O semblante do moreno
Parece se iluminava
A vivência é que falava
Naquela conversa mansa
E no fundo da lembrança
Inda o escuto reafirmar
Parar não é descansar
Porque estar parado cansa

Dele mil vezes ouvi
O que tem que ser será
Por longe que o homem vá
Jamais fugirá de si
E com ele eu aprendi
As cousas da natureza
A fidalguia, a franqueza
E aquela velha sentença
Atrás da cinza mais densa
Existe uma brasa acesa

E chego a ouvi-lo fazer
Junto dum fogo de chão
Uma grande distinção
Entre existir e viver
Filho, dizia, morrer
Não é mais do que uma viagem
Por isso não é vantagem
O forte fazer alarde
Que, às vezes, pra ser covarde
Precisa muita coragem

Inda vejo o conselheiro
Que evoco com devoção
Naquele estilo pagão
De confúcio galponeiro
Que me dizia: Parceiro
Nesta existência brasina
Cada qual traz uma sina
Que força alguma desvia
E nada tem mais valia
Que as coisas que a vida ensina

Filho, a verdade, verdade
Que nenhum sistema esconde
É que o povo não tem onde
Suprir a necessidade
E vive pela metade
Abaixo de tempo feio
Vai explodir já lo creio
A tampa dessa panela
Nem adianta acender vela
Pro negro do pastoreio

Como encontrar os perdidos
Num país deste tamanho
Se venderam o rebanho
E os homens foram vendidos
Se os chamados entendidos
Falam de cara risonha
Defronte a crise medonha
De estelionatos e orgias
Quem mente todos os dias
Vai ficando sem vergonha

Aqui o rio grande isolado
Pela mãe pátria madrasta
Dia a dia mais se afasta
Do poder centralizado
Mesmo que guaxo pesteado
Botado de quarentena
Quanto ao capataz, que pena
Não serve para o rio grande
Na hora de ficar grande
Se abatata e se apequena

Na hora de dizer: Para
Àqueles que nos ofendem
Desrespeitam, desatendem
Ao rio grande tapejara
Não sei porque esconde a cara
Quando a ocasião é mostrá-la
Calçar o pé, erguer a fala
Porque esta terra pampeana
Não é a casa da mãe joana
E nem tão pouco senzala

Não é ofensa, capataz
É que os homens desta terra
Adquiriram na guerra
Direito de estar em paz
Dentro dum clima capaz
De viver em harmonia
Sem toda essa vilania
De boicotes e de ameaça
Que estão fazendo de graça
À velha capitania

A própria carne importada
Lá de fora é um desaforo
E o calçado, há tanto couro
E gado nesta invernada
E arroz da safra passada
Pra que essa compra mesquinha
Querem nos dobrá a espinha
E nos cortar a garganta
Mas rio grande não se espanta
Como se faz com galinha

Que lindo se o presidente
Em vez de passear na Europa
Passasse em revista a tropa
Deste país continente
E num gesto inteligente
Viesse ao rio grande fronteiro
Que já era brasileiro
Antes mesmo de vespúcio
E levasse o negro lúcio
Pra servir de conselheiro

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