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Lua cheia é quase um dia, entre as sombras do terreiro
O céu num poncho estreleiro num lume que nunca falha
Clareia a crista do oitão onde um morcego se apruma
Da meia-noite pra uma só uma coruja trabalha
O vento embala a copa dos timbós e guamirins
É o fim do sono do taura que sonhava estar domando
E aviva o fogo dormido um pouco antes das duas
Já quando a cuia flutua junto as mãos se aquerenciando
Ecoa um tropel de cascos bem na frente da estância
É um quero-quero que espanta, num vôo sobre os potrancos
Ondas calmas no açude, já quase virando as três
Quando uma rês mata a sede, depois se volta no tranco
Quatro e pouco, inda escuro, e um galito calça a espora
Talvez chamando a aurora que não tarda tinge o pago
Os ovelheiros descansam de uma investida num touro
E um galgo aquenta o couro nos bretes rondando vago
Saltam do catre, os demais, no movimento de bamo!
Quando um caldo de tutano aferventa desde as cinco
Da cozinha, a fragrância faz com que a indiada se apure
Pedindo que o tempo dure, num pão ou queijo de cincho
Amanhã outro relato na insônia de outro sujeito
Por agora, cincha ao peito, dos mansos mais uma vez
É hora do pé no estribo, destino que é meu ofício
Que o campo é sempre municio antes ou depois das seis!
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