Me pediram que eu cantasse com sentimento e com calma
Cantasse com toda alma versos que o vento levasse
Que a bordona perguntasse e que a prima respondesse
Pra quando o verso nascesse, a chinoca mais querida
Exclamasse comovida: Não há cantor como esse
Depois, ao sabor do vento e ao som da milonga mansa
Fosse desatando a trança no lombo do pensamento
E rumbiando o firmamento, lá onde a boieira flutua
Junto a lindaça xirúa, deusa de mil universos
Erguesse um rancho de versos num descampado da lua
E pra sempre aquerenciados, fazendo parte um do outro
Este domador de potros e a deusa dos descampados
No aberto, sem alambrados, acima da atmosfera
No rancho da estratosfera, em místicos estribilhos
Deixassem de herança aos filhos um canto de primavera
Um canto de primavera
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